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Mostrando postagens de fevereiro, 2023

A beleza judia

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Se tem coisa que sinto saudade de Buenos Aires é da beleza judia. Quem sabe, vai me perguntar: judia de onde? Sei que não é a mesma beleza a asquenazim que os sefarditas, por colocar só dois exemplos. Quando morava em Florianópolis, no verão chegava toda a rapaziada que acabava de sair do serviço militar obrigatório. O que são aquelas mulheres judias com pele árabe... Cor de árabe, nariz de judia, redonda na ponta, uma delicia. Cresci em bairro judeu, Villa Crespo. Muitos brasileiros que foram para Buenos Aires, andaram por Villa Crespo, achando que andavam por Palermo. Cresci na rua Murillo, onde milhares de brasileiros compraram casacos, do lado de uma sinagoga. Dessa sinagoga que vou contar.  Quiseram mudar o nome de uma área do bairro, para Palermo Queens. Rico é uma desgraça. Bicho burro, tem mal gosto, é cafona, bota dois leões na porta da casa branca. A diferença de São Paulo - a maior comunidade judia do Brasil-, historicamente os judeus na Argentina eram de

O ano começou

Acabou o carnaval. Agora só São João, depois Natal. Dezembro é que começa o tempo da festa no Brasil, e tudo para até o carnaval passar. Como é bom morar no Brasil. O quê dizer de morar em Salvador. Moro numa comunidade, no Rio Vermelho, cinco minutos andando até o mar. A casa que alugo tem quintal, as galinhas e os galos dos vizinhos andam por aí, enquanto escuto “Um corpo no mundo”, da Luedji Luna. É impressionante a força da alegria. Minhas pernas estavam doendo muito, uso palmilha e pulei dois dias de sandália. Ontem foi no Pelourinho, tinha homenagem para Zete. Toquei no carnaval de Salvador. Me fala de felicidade. Morando no Santo Antônio além do Carmo, conheci o Samba da Zete, na escadaria do Passo. A melhor rua do bairro. Há de se disser, que nesses últimos tempos tem ficado um pouco perigosa. Acho que pela falta do samba dela. Toda sexta ela enchia a rua. Brown, o filho dela, conversava com aqueles que gostam de usufruir do esforço aleio, para não levarem dos seus clientes

Carnaval no Nordeste de Amaralina

Repeti. Ontem voltei para o Nordeste. O que é esse lugar. As pessoas que contei que iria, ficaram com medo, falaram para me cuidar. “Lá é Comando Vermelho”, me disseram. E por isso mesmo é que foi o carnaval onde mais seguro me senti. Não pode roubar, não pode brigar, lá não tem tiro, facada, senão o cara desce. Assim que andei de celular em mão, achei que meus olhos iriam virar. Eu sinto vergonha de imaginar a cara de tarado que eu devia ter. Quanta pessoa bonita, pelo amor de Deus. Dessa vez estive de camarote, mesmo. Primeiro dia, o camarote protegeu da chuva, ontem ganhei bobó de frango e caldo verde. Ideal para o frio que senti ontem pelo vento e a chuva. Um amigo do movimento negro trabalhou na organização e produção do Camarote Oficial Mestre Bimba, junto com outras pessoas do bairro, um espaço mágico. Me contaram que lá era a sede dos Diplomatas de Amaralina. Olhem que nome bonito.  Bom, eu quero dizer que as pessoas que conheci aí, cada uma é uma excelente diplomata do

Meu primeiro carnaval em Salvador

Levo nove anos morando no Brasil. Morei em Porto Alegre, Florianópolis, São Paulo e há um ano e meio em Salvador. Também conheci o carnaval de Olinda. Mas o de Salvador… Uma festa negra e popular. Dá para dizer que começou quando o carnaval? No Furdunço? Esse dia fui andando desde Rio Vermelho, vendo pessoas negras, pardas e pobres, montando as barracas, nos pontos que passaram a noite toda cuidando, dormindo na calçada, as vezes com crianças. A maioria mulheres, logicamente. Nem é preciso me estender sobre a responsabilidade social e familiar das mulheres. Na orla toda, na frente dos camarotes, filas de pessoas negras aguardando ingressar para trabalhar, todas uniformizadas: terno e gravata preta, camisa branca; camisas indicando que a pessoa está fazendo limpeza. Branco tem mania de deixar à vista quem está servindo eles. É impressionante a quantidade de pessoas que trabalham para o carnaval acontecer. Dentro dos trios elétricos, no mínimo, são umas quinze pesso