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Mostrando postagens de maio, 2022

A morte mais perto

Ser pobre é ter a morte mais perto. Você pode morrer de fome dentro de casa, queimado com o querosene enquanto cozinha, de uma bala da PM após botar um pé na rua, por falta de atendimento médico, na rua de frio. Mas a insegurança que vende é o medo branco. Escrevo na sala da casa que alugo no Santo Antônio além do Carmo, e um homem negro, com um boné vermelho e o rosto machucado, me interrompeu enquanto escrevia, para me dizer que é usuário de drogas, que alguém jogou uma pedra na cabeça dele enquanto dormia, e que felizmente nada aconteceu. A ferida é grande. Pediu grana, ofereci um sanduíche, pediu um copo de água, dei as duas coisas, e continuou andando. Quem mora na rua tem dificuldade para acessar à água. Penso no meu primo: negro, na família achamos que era filho de peruanos, a irmã da minha mãe e o marido adotaram, foram buscar ele numa favela e levaram dentro de uma mochila. Meu primo morreu de frio, morando nas ruas de Buenos Aires. Vício é uma merda. Há uma semana