Carnaval e o mentiroso Harmonia


Bandeira, um amigo com mais de setenta carnavais em Salvador, disse que segunda iria pular com Xanddy Harmonia. Pensei: se Bandeira desce, é para ir. A concentração era às 17h, saí de casa às quatro e meia. Desde Rio Vermelho não consegui Uber até Ondina, a distância é curta e os motoristas cancelavam pelo valor. Pensei em ir andando, mas lembrei das bikes do Itaú e fui pegar uma, sem antes olhar se as estações de Ondina ainda estavam. Tive que deixar a bike na Garibaldi, passando a UFBA. Se tivesse ido andando, teria caminhado menos. Uns amigos argentinos me aguardavam na frente do camarote da Brahma, do lado do clube espanhol.

Indo pela Oceânica vi o trio elétrico, e um cara com uma moladora, arrumando algumas coisas. Soube que não iriam cumprir com o horário planejado. O que não imaginei, é que iriam fazer o povo esperar quatro horas. O trio saiu às nove da noite. Harmonia deve ter chegado umas sete e média. A van parou do lado do trio, o cara jogou uns beijinhos para o público e subiu direto. Trinta minutos depois o público começou vaiar. Ele saiu, disse que ele estava pronto desde as 15h, mas que o trio teve um bloqueio e por isso atrasaram… Sei. A gente viu como montavam o cenário, três da tarde esse trio não estava pronto, também não às cinco, também não até as nove da noite. Oito e meia começaram provar o som… Claro que uma vez que começou, todos esquecemos as quatro horas que aguardamos, menos meus amigos argentinos. Tinham saído às oito da manhã da pousada, ficaram sem perna para chegar até a Barra. Andaram vinte metros e pegaram a volta. Eu continuei.

Quem não continuou cantando foi o Harmonia. O cara não conseguiu cantar nem até a Cruz da Galícia. Não dava para acreditar, mas o trio andou com umas mulheres cantando, depois andou sem som, e nalgum momento o mentiroso voltou. Mas eu tinha ficado sem bateria, o calor tava arretado, e não tinha como comprar nada para beber. Lembrei que Lívia, uma amiga, me disse que no carnaval estaria vendendo espetinhos no Cristo, e pensei que resolveria minha falta de bebida, faria o pix para ela quando chegasse em casa, mas ela não estava. Oficialmente ainda não é carnaval, assim que erro meu ter procurado ela.

A falta de respeito do Harmonia fez com que não tivesse vontade nenhuma de chegar até a Barra atrás do trio. Virei na Airosa Galvão, para pegar a Centenário, ir até Calabar, e lá conseguiria carregar o telefone no Kanto do Petisco, beber uma gelada. Infelizmente, não consegui comer a melhor passarinha da cidade, porque uma hora dessas, Vera já não estava cozinhando. O filho estava atendendo o negócio, e fez o favor de colocar meu telefone para carregar. Enquanto aguardava, apareceram Janaína e Tauana, duas amigas de lá. Tauana tinha me ajudado no dia fazer meu card de psicanalista. Eu mandava o texto pelo zap, e ela ia me dando suas opiniões. Quando acabei disse para ela: “estou te devendo uma”. “Tranquilidade, tá me devendo nada. Tamos aí também para isso”, respondeu. Assim que vi ela chegar, disse: eu te falei que iria te pagar uma, mas não imaginei que seria no mesmo dia. Ela deu risada. Janaína disse: eu também quero! Ficamos os três bebendo e trocando ideias.

Enquanto bebíamos, uma criança chegou dar um abraço em Tauana, era um dos seus alunos de judo. Também vimos os jovens de moto voltar de trabalhar, vimos as pessoas fantasiadas que voltavam da Barra. Tauana foi embora, hoje cedo tinha que dar aula, e ficamos com Janaína conversando até passadas as duas da manhã. Quando disse que ia embora, ela não quis que subisse até o Alto das Pombas e voltasse andando até casa. Geralmente de lá volto assim. Mas ela é dessas pessoas sensíveis de mais, que quando sentem que vai dar merda, geralmente dá, assim que com ela não discuto. Voltei de carro como ela disse. Eu não estava conseguindo Uber, e foi ela que pediu um carro para mim.

Quando cheguei em casa, fritei dois ovos e comi com o arroz que sobrou do almoço. Carboidratos antes de dormir é o melhor remédio para evitar a ressaca.

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